Nas horas mortais da noite
Como é doce o meditar
Quando as estrelas cintilam
Nas ondas quietas do mar.
Quando a lua majestosa
Surgindo, linda e formosa,
Como donzela vaidosa
Nas águas se vai mirar.
Nessas horas de silêncio
de tristeza e de amor,
Eu gosto de ouvir ao longe,
cheio de mágoa e de dor.
O sino do campanário
Que fala tão solitário
Com esse som mortuário,
Que nos enche de amor.
Então, proscrito e sozinho,
Eu solto aos ecos da serra
Suspiros dessas, dessas saudades
Que no meu peito se encerra.
E em bando acudi aos meu clamores,
Quero a vossa medonha sociedade,
Quero fartar meu coração de horrores.
Ó retrato da morte! Ó noite amiga
Por cuja escuridão suspiro há tanto!
Calada testemunha de meu pranto
De meus desgostos amiga antiga!
E vós, cortesões da escuridade,
Fantasmas vagos, modos piadores
Inimigos, como eu, da luz ou da claridade.
Da pérfida Gertrúria, o juramento
Parece-me que estou ainda escutando
no vasto, infatigável pensamento
Os mimos da perjura estou notando
Magro de olhos azuis, carão moreno
Bem servido de pés, mãos na cintura.
Dorme em teus brandos olhos desmaiados
Morte, morte de amor, melhor que a droga da vida
Deus, ó Deus! Quando a morte á luz me roube
Existência falar-me não doirava!
Ganhe um momento o que perderam anos
Mas eis sucumbe a natureza escrava
Saiba morrer porque viver não souber
Ao mal que a vida em sua origem dava
Escrito pela minha BEST Dany Sales